Sou mãe (quase) a tempo inteiro
Sou mãe (quase) a tempo inteiro, sou esposa, sou mulher.
Abdiquei – temporáriamente – da minha carreira, larguei a pediatria para ter mais disponibilidade para acompanhar o crescimento dos meus filhos.
Faço em primeiro lugar aquilo que tem de ser feito, e só depois, se houver tempo – que quase nunca há – aquilo que gostaria de fazer.
Troco, quase sempre, a televisão pelo fogão, o sofá pela maquina da loiça, o banho de imersão pela história dos miudos, o livro pelo ferro de engomar.
Cozinho para 5 pessoas, almoço/jantar, lanches, marmitas para o trabalho, arrumo a cozinha N vezes ao dia, apanho o que vai ficando espalhado à passagem dos miudos.
Dou almoços, lanches e jantares, vou levar e buscar à escola 2 vezes por dia, num total de 4 trajetos.
Faço a lista das compras, do que falta e do que há-de faltar. Vou as compras e comparo preços, marcas e qualidades.
Faço horários e organizo as amas.
Vigio brincadeiras, imponho a ordem, castigo se necessário.
Faço trabalhos, resolvo problemas, faço a gestão das asneiras e da gravidade das suas consequências.
Dou banhos, faço ataques de beijos e de cócegas, conto histórias e ponho na cama. Vou dar água, mudar a fralda, dar beijinho de boa noite, nuns dias uma vez é suficiente, noutros 10 não chegam. É um sobe e desce de escadas, sempre com a mesma ladaínha “esta na hora de dormir”. Canto músicas, dou abraços, zango-me, volto a dar beijinho de boa noite, e lá acabam por adormecer.
Ponho a casa em ordem, se necessário trato da roupa e preparo as coisas para o dia seguinte.
Tomo um douche rápido e sento-me a ler o meu livro quando os olhos já se fecham diante das páginas abertas.
Na lista de prioridades as minhas necessidades estão sempre em último plano, como quando consigo, tomo banho à hora que for possivel, e apesar de tudo tenho – quase sempre! – um sorriso na cara.
Chego ao final do dia com o sentimento de que “não consegui fazer quase nada”, mesmo sabendo que não é verdade.
Ouço frases como “que rica vida, estar o dia todo em casa com os miudos”. Não ligo. Não tento argumentar, apenas sorrio e digo que é optimo poder acompanhar mais o crescimento das crianças.
Faço vida de “mãe a tempo inteiro” que trabalha de vez em quando.
Sou feliz assim. Muito feliz!
Mas as vezes – só às vezes – um banho de imersão e um livro sabiam tão bem!
Assim vai a vida… aos olhos de uma mãe!
Muito bom. Identifico me tanto contigo…. sou mae de 2 meninos. Tambem nao trabalho por enquando e faço exatamente mesmas coisas por dia que tu… e tantas vezes ouço….entao descansaste hoje dia toda??!!
Beijinho grande e bom continuação nos teus postos….adoro.