E os cocós?!
O trânsito intestinal dos bebés é algo que preocupa frequentemente as mães. Este artigo pretende esclarecer alguns aspectos relacionados com esta temática!
O trânsito intestinal do bebé tem inicio activo ainda na gravidez. Por volta dos quatro meses, o intestino começa a acumular uma substância esverdeada – o mecónio – que resulta da ingestão/digestão do liquido amniótico que é composto por água, urina do feto e resíduos cutâneos que resultam da descamação da pele. No entanto, durante a vida uterina não ha emissão de fezes, excepto nos casos em que há sofrimento fetal, e é por esta razão que perda de liquido amniótico meconial deve ser considerada como um sinal de alerta, embora na grande maioria das vezes não se revele um factor decisivo para intervenção, havendo apenas uma vigilância mais apertada do desenrolar do trabalho de parto.
O mecónio, verde escuro, viscoso e sem cheiro, é normalmente emitido nas primeiras 24h, sendo emitido com alguma frequência nos minutos seguintes ao nascimento.
O colostro, além de dar o arranque ao funcionamento do sistema digestivo na vida extra-uterina, tem propriedades laxativas ajudando à eliminação do mecónio. Colocar o bebé à mama rapidamente após o nascimento, associado a mamadas frequentes, vai ajudar à eliminação do mecónio, diminuindo também o risco de icterícia neonatal fisiológica, pois como o mecónio contém a bilirrubina resultante da destruição dos glóbulos vermelhos, quanto mais rápida for a eliminação do mecónio menor o risco de reabsorção da bilirrubina pelo intestino.
Entre o 3° e o 5° dia de vida, aparecem as chamadas fezes de transição, em que se começa a observar uma modificação no aspecto e na consistência das fezes do bebé. Rapidamente estas dão lugar às fezes normais, frequentemente de cor amarelada e de consistência liquida num bebé amamentado. No primeiro mês de vida o bebé deve ter no mínimo 2 a 3 dejeções diárias. No entanto a grande maioria dos bebés tem dejeções sempre que mama, pois o leite materno estimula o funcionamento de todo o sistema digestivo. A partir do primeiro mês de vida, o bebé pode alterar o seu trânsito intestinal, e passar a ter dejeções raras, podendo ir até 10 dias sem ter dejeções. Ainda não se sabe ao certo a razão desta mudança de padrão, mas estima-se que se no primeiro mês as dejeções diárias são importantes por vários motivos, incluindo a prevenção da icterícia neonatal fisiológica, a partir do primeiro mês o leite materno é praticamente absorvido na sua totalidade, levando então a uma diminuição na frequêcia das dejeções.
As fezes do bebé podem ser de várias cores sem que isso seja um motivo de preocupação. São motivo para ficar em alerta fezes brancas (risco de perturbações hépáticas), fezes pretas (sangue digerido – risco de hemorragia digestiva alta) e fezes com sangue (risco de hemorragia digestiva baixa). Há certos autores que referem as fezes verdes como um sinal de alerta nomeadamente relacionado com fraco aporte nutricional, no entanto fezes verdes isoladas, sem qualquer outro sinal/sintoma não têm relevância clínica.
Assim vai a vida… aos olhos de uma enfermeira!
Ola Catia.
Tao bom ler artigos assim…
Leio tantas vezes no grupo FB da me maminha e nao so, que o bebe nao faz coco ha tres dias e ja andam a estimular com termometro bebegel e afins…
Estes artigos fazem bem às pessoas para deixarem de acreditar em mitos!
Mas é pena que haja tantos pediatras,enfermeiros, etc a recomendar tal coisa…
Um beijiho grande para seus tesouros