A verdade escondida: a carga emocional de um Enfermeiro!
Todas as profissões são nobres quando exercidas com o coração, pergunto-me se quem olha para um Enfermeiro saberá a carga emocional a que este está sujeito, que vai muito para além do trabalho físico que se vê…
Será que sabem o que é dar a mão a uma mãe enquanto na sala ao lado os nossos colegas fazem tudo para reanimar o seu filho?
Será que sabem a força que é preciso para estar ao lado dos pais no momento em que estes recebem um diagnóstico de leucemia para o seu filho de dois anos?
Será que sabem o que é atender uma criança vítima de maus tratos e a sua família, sem emitir quaisquer julgamentos, activar todos os recursos que se pode para os tentar ajudar, quando muitas vezes a vontade que se tem é pegar naquela criança e dar-lhe colo e mimo?
Será que sabem o que se sente quando chegamos ao trabalho e ouvimos uma colega dizer “sabes aquela criança que recebeste ontem, fez uma paragem cardio-respiratória de noite e não se conseguiu reanimar…”?
Será que sabem o que é dar todos os dias graças a Deus por se ter filhos saudáveis, sendo constantemente confrontada com crianças com doenças crónicas graves, doenças que nem em adultos deveriam existir…
Será que sabem o que é olhar nos olhos de uma mãe que acabou de saber que o seu bebé está morto na sua barriga, quando deveria nascer dali a poucas semanas?
Será que sabem o sangue frio que exige a reanimação de um bebé recém-nascido?
Será que sabem o que é ver a vida escapar por entre as mãos quando há complicações graves num parto, e se perde um bebé apesar de se tentar o impossível para o salvar?
Será que sabem o que é colocar-se diáriamente na pele destes pais?Será que sabem o que é fazer tudo pelos filhos, nunca deixando de estar ao lado dos pais?
Será que sabem o que é celebrar a vida num quarto, e acolher a morte no quarto ao lado?
Será que sabem o que é chegar a casa e abraçar os nossos próprios filhos com vontade de chorar pelos filhos dos outros?
Ser Enfermeiro é muito mais que dar injecções e fazer pensos.
Ser Enfermeiro é ter empatia para se colocar no lugar do outro, tendo o cuidado de não se deixar invadir demasiado pelas suas histórias.
No entanto, ser Enfermeiro é também ser pessoa e há sofrimentos inevitavéis, lagrimas impossiveis de travar, dias em que a revolta é tanta, a injustiça da vida é tanta, que se coloca inevitavelmente em causa o propósito de tudo o que se faz…
Assim vai a vida… aos olhos de uma Enfermeira!