“Não aguento mais o choro do meu bebé!”

“Não aguento mais o choro do meu bebé!”

Ter um bebé recém-nascido é descobrir o amor incondicional. Aquele cheirinho a bebé, a sua pele macia, o seu aconchego no nosso colo. Uma sensação inexplicável, um amor maior que a vida.

No entanto, este é também um dos períodos mais exigentes pelos quais nós, mães e pais, passamos.

É extremamente exigente a nível físico, a privação de sono, os despertares frequentes, a necessidade constante de contacto do bebé. 

Mas não é apenas isto. Aliás, é bem mais que isso! É uma fase que coloca à prova todos os nossos limites emocionais. 

O bebé recém-nascido exprime-se através do choro. Fome, sede, necessidade de contacto, frio, fralda suja, desconforto físicos, stress.

Embora com algumas nuances que nos vão permitindo aprender a distinguir as diferentes necessidades do bebé, é assim que ele se manifesta: chorando. 

Há bebés que quase não choram. Há bebés que choram muito. Há bebés que choram uma grande parte do tempo.

No entanto, o choro de final de dia, é comum a quase todos os bebés, e muitas vezes associado a cólicas.

É um choro recorrente nas primeiras semanas de vida, muitas vezes difícil de consolar, que pode durar duas, três horas (ou mais!) e que deixa os pais completamente desarmados face a um bebé inconsolável. 

Com o passar do tempo, o cansaço acumulado, as noites sem dormir, suportar o choro do bebé torna-se um enorme desafio. Se estivermos perante um bebé que chora muito e frequentemente, por vezes o choro torna-se uma verdadeira tortura para os pais. 

A ponto de sentirem que não aguentam mais. A ponto de ficarem completamente desesperados. A ponto de se questionarem “mas afinal, é isto ter um bebé?!”. 

Sentem-se exaustos, desarmados, sem saber o que fazer para conseguirem ultrapassar esta fase mantendo a sua sanidade mental. Muitas vezes a mãe chora, o pai discute, ambos se sentem no seu limite. Não suportam mais ouvir o bebé chorar!

Sim, isto é comum. Muito comum. 

Mas infelizmente pouco se fala. E é tão importante falar sobre isto. 

É importante para que mães e pais não se sintam tão sós. 

É importante para que se desmistifique todo o romance que existe à volta do primeiros meses de vida de um bebé.

Para que possamos ter expectativas realistas face a um recém-nascido, e a nós mesmos! 

Ter expectativas realistas não faz o bebé ser mais “fácil”, chorar menos ou ser menos exigente. Mas faz com que sejamos menos exigentes connosco e com ele. Com que estejamos mais conscientes das dificuldades e com que saibamos que o nosso bebé é normal e nós não estamos a fazer nada errado. 

Saber que é uma fase, que vai passar, que praticamente todos os pais de um bebé pequeno, num momento ou noutro se sentem ultrapassados pelo desespero, pelo cansaço, pelo choro do seu bebé, é importante. É importante para nos prepararmos para lidar com isso.

Esta é a outra razão pela qual é extremamente importante falar sobre este assunto. Porque no meio do desespero, pode surgir o instinto de querer abanar o bebé para que pare de chorar.

E isto é algo MUITO PERIGOSO. Cerca de 1 em cada 4 bebés abanados morre nos dias seguintes ao episódio, e a maioria dos que sobrevivem fica com sequelas graves e permanentes. 

Por isso, é importante saber que o bebé pode chorar até que nos sintamos ultrapassados por todas as emoções e sensações. É muito importante saber que abanar um bebé provoca danos graves e irreversíveis. É importante estarmos preparados para conseguirmos evitar situações perigosas. 

Se algum dia te sentires ultrapassada/o pelo choro do teu bebé, coloca o bebé na sua cama, em segurança e sai do quarto. 

Se preciso fecha a porta e vai para o extremo oposto da casa, respira fundo, lembra-te do quanto o amas e de quanto é perigoso sucumbir aos instintos e abanar o bebé. 

Tira uns minutos para ti, tenta relaxar, mesmo que ainda o ouças chorar. Lembra-te que o deixaste em segurança. 

O síndrome do bebé sacudido é uma forma grave de maus tratos infantis, e estar sensibilizado é a melhor forma de evitar desfechos dramáticos! 

Se queres saber mais sobre este assunto, vê aqui quando faço a próxima palestra online sobre o Síndrome do bebé sacudido e inscreve-te!