Alimentação complementar: quando iniciar?
Este é um tema que, se fizermos uma pesquisa pela web, dá pano para mangas!
Há quem opte por iniciar logo aos 4 meses, há quem apregoe que é demasiado cedo, há quem comece só aos 6 meses.
Mas afinal, quais são as recomendações oficiais sobre este assunto?
Para os bebés amamentados, não há dúvidas de que o ideal seria leite materno exclusivo até aos 6 meses. Esta é a recomendação da Organização Mundial de Saúde e refere-se a todos os bebés de todos os países do mundo.
Na verdade, até aos 6 meses o leite materno oferece ao bebé tudo aquilo de que este necessita tanto em termos calóricos como nutricionais.
Mas, nem todos os bebés são amamentados, como fazer nesses casos? A OMS não refere em nenhum dos seus documentos uma introdução da alimentação complementar antes dos 6 meses, mesmo quando fala de bebés não amamentados, o que deixa subentender que mesmo nestes casos, a introdução da alimentação complementar deve ser feita aos 6 meses.
Estas são as recomendações da OMS. No entanto a ESPGHAN (sociedade europeia de gastroenterologia hepatologia e nutrição Pediátrica) referiu nas suas últimas recomendações (Fevereiro 2017) que os estudos feitos demonstram não haver qualquer contra-indicação para o inicio da alimentação complementar aos 4 meses, altura em que o sistema digestivo do bebé estará suficientemente desenvolvido para esse efeito. Por isso, sugerem que não há qualquer desvantagem em iniciar alimentação complementar em qual período compreendido entre os 4 e os 6 meses.
No entanto, mais do que a idade cronológica, há outros aspectos no seu desenvolvimento psico-motor que poderemos ter em conta para decidir se será ou não o momento de dar este passo tão importante:
– já consegue permanecer sentado? (sem apoio ou com pouco apoio)
– mostra interesse pela nossa comida?
– o reflexo de extrusão da língua está menos marcado? (não empurra automaticamente os alimentos com a língua)
– iníciou o movimento de pinça fina? (agarrar objectos com o polegar e o indicador)
Se a resposta a estas perguntas for sim, então está na hora de avançar! Se a resposta a apenas algumas destas perguntas for sim, olha para o teu bebé e se o sentires preparado, avança!
Se a resposta a todas estas perguntas é não, podes avançar na mesma, no entanto poderá ser um pouco mais difícil conseguir fazer com que o bebé coma.
Posto isto, cabe a cada família avaliar e decidir, em conjunto com os profissionais de saúde que acompanham a criança, qual será o momento ideal para esta transição, sabendo que deverá ser entre os 4 e os 6 meses.
Sei que a maioria das mães e pais (e avós, e tias e madrinhas) estão ansiosos por esta transição, mas lembrem-se que o vosso bebé terá o todo resto da sua vida para comer!
Nota: este artigo tem um carácter meramente informativo e tem como objectivo favorizar o diálogo informado com os profissionais de saúde que acompanham a família. Não hesites em pedir-lhes informações suplementares e adequadas ao vosso caso específico.