As mulheres são bombardeadas com os ideais sociais de perfeição muito antes de serem mães. Muito antes sequer de pensarem em engravidar.
Enquanto crescem vão absorvendo anúncios e toda uma larga gama de publicidade à parentalidade que vai fomentando a ideia de que tudo tem de ser maravilhoso, tudo tem de ser perfeito, tudo tem de ser gratificante.
Um exemplo disso são os anúncios de fraldas. O momento da troca de fralda parece pura magia, pura conexão entre pais e filhos… quando na realidade a sensação que temos muitas vezes é de estar a lutar com uma enguia. Ou várias!
Normaliza-se continuamente a perfeição, o que promove cada vez mais a frustração de não conseguir atingir os ideais sociais. O desapontamento. A desvalorização por não ser capaz de fazer melhor. Melhor, como se vê em todo o lado!
A verdade é que a perfeição e essa ideia de que ser mãe é tão fácil e os bebés são seres incrivelmente tranquilos, que comem como nós queremos, dormem como nós queremos, colaboram em tudo como nós queremos, não correspondem à realidade da maioria.
O bebé é uma pessoa, com necessidades muito específicas. Com a sua própria personalidade, os seus próprios gostos, a sua individualidade.
Há fases difíceis, há momentos desesperantes, e cada uma de nós tem o direito de se sentir cansada, desesperada, triste.
São momentos. Quase sempre largamente compensados pelos momentos deliciosos que a maternidade nos traz e que rapidamente nos fazem colocar as dificuldades num saco às costas e continuar caminho com um enorme sentimento de realização!
Mas há alturas, momentos, em que o saco é tão pesado que o peso tem de ser partilhado com alguém que possa ajudar a aliviar a pressão e a reencontrar o prazer neste caminho.
Por tudo isto (e não só) o ideal da maternidade perfeita e a culpa de não atingir o que muitas vezes é inatingível, é algo que trabalho muito com as mulheres que acompanho, quer em grupo quer individualmente.